Nos assustou um pouco o minúsculo tamanho daquela cidade ao chegarmos e darmos uma volta para procurar um hotel onde ficarmos. Mal começamos nosso percurso e a cidade havia acabado. Pensávamos nós que tudo estava concentrado ao redor daquela praça, se olhássemos para baixo ou, daquele morro, se olhássemos para cima.
Era um domingo e a rua estava deserta, exceto por um bar onde bebiam alguns homens entre eles uma transexual superanimada e simpático que fez questão, antes que os outros o fizessem, de nos mostrar onde ficava a única pousada da cidade.
Instalados e com fome, encontramos na pracinha um lugar onde fazer um lanche para rapidamente dormirmos, pois no dia seguinte começaríamos as contações de histórias às 7h30m e seriam quatro logo no primeiro dia.
Contradizendo todas as minhas expectativas, posso lhes garantir que aqueles dias em que passamos na cidade de Bandeira foram alguns dos melhores no decorrer de nossa viagem.
Bandeira nos presenteou com uma deliciosa brisa nos finais de tarde, quando as contações acabavam e o assunto era como tinha sido cada uma delas. A delícia de tomar sorvete na calçada, conversar com os que por ali passavam com seus passos lentos, olhar as crianças brincando de esconde-esconde na pracinha e perceber como toda aquela receptividade e carinho com que nos trataram não eram senão o jeito natural de ser de cada morador que carrega consigo a bondade e gentileza como extensão do próprio corpo, no gesticular de suas mãos e na delicadeza dos seus olhares.
Descobri que aquelas casas não estavam construídas no morro, mas na colina, que o biscoito de polvilho não era uma banal guloseima, mas a identidade daquele lugar e que não ter acesso à internet, além dos momentos em que estávamos na pousada, não fazia a menor diferença, o mundo se concentrava naquela praça como uma “aldeia global” onde tudo o que importa está ali diante de nós.
Novos amigos, novos sabores, novos desejos, a cidade de Bandeira nos imprimiu um novo jeito de olhar para dentro de nós, sem a pressa com que nos acostumamos a olhar para a loucura do mundo.
Que momentos lindos vcs viveram com este projeto que é para crianças, mas também é pra vcs. Ao por numa balança, não sei quem lucra mais. A vida é feita de doação. E doação é como bumerangue. O que nos traz de volta é muito mais do que mandamos!!!!
Parabéns
Bj
A Coquita , esteve em Palmopolis baixo Vale do Jequitinhonha, nordeste de MG, no dua 25/09/19 e naquele momento fazíamos ensaios de batuques do boi de janeiro e os sons dos tambores guiaram a mesma até minha casa , onde estava presente as Cirandeiras Canta Pra Mim da Associação dos Artesãos de Palmopolis que ora preparam para uma viagem ao Arraial Dajuda em Porto Seguro nos dias 26 a 30 de setembro.