Pego meu pequeno tambor e, ainda sem me mostrar, produzo um som acelerado e contínuo por alguns minutos. As crianças param e silenciam, querem saber de onde vêm aquele som tão diferente. Sorrisos se alargam quando me veem caminhando lentamente no fundo da sala onde se encontram. Repito o som enquanto caminho entre eles. As reações são diversas. Enquanto algumas crianças continuam em silêncio para apreciar melhor o som, outras me seguem. Há ainda quem tente imitar o som batendo com as mãos nas mesas.
Uma menina me chama a atenção, com olhos arregalados e mãos agitadas como em um aceno, projeta seu corpo em minha direção e faz o percurso até onde estou com o instrumento em uma rapidez impressionante. Parei por um minuto e deixei que ela olhasse o pequeno tambor, isso não a satisfez. Ouvir aquele som ou olhar aquele instrumento já não lhe bastava. Ela queria apalpá-lo, sentir sua textura e seu feitio, produzir o som que chamara sua atenção, dançar enquanto tocava, tocar enquanto brincava, senti-lo por inteiro como extensão do seu próprio corpo.
Entreguei o tambor para ela que o segurou como um objeto divino. Foi se afastando de mim chacoalhando-o freneticamente.
E a partir daí… Quem ousa impedi-la de ser feliz?
Socorro Lacerda de Lacerda
Amo os seus relatos!!
Obrigada, minha querida filha/irmã. Te amo!
Maravilhoso, querida Socorro!
Só vc e, neste caso, seu tambor tum tum tum, para levar tanta alegria, esperança e inovação, pelo visto, àquela é a tantas meninas e meninos!
Parabéns!
Vc é um sopro do novo, do diferente, do encanto e do desfio, na vida tão diferenciará daquelas pessoas todas, inclusive professora e crianças!
Eu te reverencio e honro!