Braços e abraços!

Depois de fazermos uma das muitas curvas da estrada que liga Lagoinha a São Luís do Paraitinga, ambas as cidades no estado de São Paulo, uma porteira aberta parecia nos esperar. Embora não tivesse nenhuma identificação, entramos certos de que chegávamos à Escola Joaquim Ribeiro de Almeida. Confirmamos nossa chegada quando, ainda sem pararmos o … Ler mais

Seu João e sua doce Esperança na Comunidade Quilombola Sapatu

  Seu João nos recebeu com o sorriso banguela mais simpático que já vi. Ele ri com a boca e com os olhos, que brilham de contentamento por nos receber, embora nunca tenha nos visto. Levantando-se do estreito e gasto banco de madeira onde estava sentado, abre os braços num abraço caloroso como se estivesse … Ler mais

EMEF Boa Esperança – Eldorado/SP

A travessia do rio foi o início do deslumbre para um encontro tão mágico. Atravessar o Rio Ribeira do Iguape em uma balsa deslisando lentamente por suas águas barrentas me levou a pensar sobre o que encontraríamos na outra margem do rio. Depois da travessia, num misto de expectativa e otimismo encontramos quem nos indicasse … Ler mais

EMEIF Bairro São Pedro – Escola Quilombola – Eldorado/SP

A curiosidade das crianças tomou conta dos seus corpos como uma comichão, deixando-as muito inquietas. Logo saíram dos lugares onde estavam sentadas e foram, rastejando discretamente, até beirar a colcha de retalhos onde estavam dispostos alguns objetos que eu costumo usar nas contações de histórias.

A sensação que tive foi a de que tocar os objetos, explorar seus sons e espiar suas cores, era mais interessante do que ouvir a história que eu começara a contar. Essa impressão só se desfazia quando a voz de algum personagem se destacava da narrativa e saltava para o espaço composto por tantas novidades.

Não demorou muito para eu perceber que a inquietação que demonstravam era excesso de desejo de usufruir do novo, do que estava posto naquele canto de sala e se misturava ao que imaginavam ser cada um daqueles objetos. Queriam ouvir as histórias, mas também queriam soprar o apito, girar o pião, folhear os livros, olhar encantados o movimento do traca traca e a magia do surgimento das cores da dobradura de papel. Tudo ao mesmo tempo, como se não houvesse tempo suficiente para tanta coisa e para a exploração de cada um dos objetos e brinquedos que viam, alguns deles, pela primeira vez.

No final da contação, foi inevitável o início da exploração de um mundo com infinitas possibilidades. A criação e recriação do brinquedo e da brincadeira tornou-se indicativo para a invenção de novas e necessárias histórias, emolduradas por uma colcha de retalhos que não estava ali por acaso.

Socorro Lacerda de Lacerda

Quilombo Ivaporunduva 

A EMEI Bairro Ivaporunduva fica no Quilombo de mesmo nome. É muito simples: duas salas, uma cozinha, banheiros e uma pequena sala com estantes onde livros estão colocados de forma desordenada. Bem que pode ser um espaço de leitura, se feita a devida organização para isso.  

Nossa chegada causou curiosidade, embora as crianças se revelassem tímidas e arredias. Não se aproximaram muito, a distância que mantiveram de nós foi suficiente para me inquietar e fazer aguardar o início da contação para saber como se comportariam. Gosto quando participam, perguntam, indagam sobre os objetos que usamos ou questionam o final da história. Estava desejosa de que isso acontecesse. 

Comecei a contação um pouco tímida, sem desenvoltura, tateando as palavras, manuseando objetos, expondo instrumentos sonoros. A impressão que eu tinha é de que eu não estava agradando, as crianças não se envolviam. 

Enquanto isso, o gato Cristiano Ronaldo passeava livre e imponente por todos os espaços da escola, ora na sala onde estávamos, ora na cozinha ou no pátio, roçando em minhas costas, pulando na colcha de retalhos, em cima da mesa ou no colo de alguma criança.  

Em minha tentativa de chamar a atenção, peguei um pião de papel colorido que eu havia feito anteriormente e girei no chão. A mágica aconteceu, as crianças impulsionaram o corpo para frente e arregalaram os olhos querendo saber do que era feito o pião. Porém, é Cristiano Ronaldo quem se joga em cima do pião e com suas patas ariscas tenta pará-lo, provocar a interrupção do movimento que chamara sua atenção. É a partir da travessura e ousadia do Cristiano que as crianças se sentem impulsionadas a também se jogarem para, segundo elas, impedir que o gato destrua o pião e acabe com a brincadeira. A partir daí, elas entram nas histórias transformando o espaço em um lugar de brincadeiras e descobertas. 

Terá sido o Cristiano Ronaldo apenas o pretexto para as crianças se libertarem da aparente timidez? Se foi, bendito seja o Cristiano Ronaldo! 

 

 

Coquita Lacerda 

 

 

Conte Lá Que Eu Conto Cá
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