Inquietação e curiosidade

Crianças bem pequenas, inquietas, saltitantes, curiosas, falantes. Crianças que nos ouviram e nos fizeram ouvir suas histórias, seus comentários, suas participações, tanto na interação com personagens da história contada quanto com a contadora em seus momentos de pausas com questionamentos sobre o que já estava sendo dito como se o dito não lhes bastasse, não fosse capaz de convencê-las ou estancar suas necessidades de continuar perguntando. Queriam saber mais, participar, interferir, interagir, inventar e reinventar o que estava posto, o que estava dito. Talvez esse seja o jeito de ser da criança, porém vos digo: daquelas crianças, não era apenas isso!

Para aquelas crianças o olhar e o tocar têm basicamente o mesmo significado, ambas as ações se completam de modo tão natural que não há como não compreender tão óbvia similaridade. O agradecer, o se deixar fotografar, o manuseio dos objetos ali expostos, o olhar de espanto, o grito dado quando o personagem aparece e a natural capacidade de dar vida à personagem de papel, transformando-os em monstros reais, capazes de abocanhar quem aparecer à sua frente. Ao mesmo tempo em que acreditam e trazem para próximos de si o que na realidade está muito distante, desacreditam rapidamente para incorporarem outros personagens amedrontadores ou não.

No ir e vir do ser e do deixar de ser, na mudança de um personagem para o outro com a mesma velocidade de seus inquietos pensamentos, vão se revelando medrosas ou corajosas, ousadas ou tímidas, vão se apropriando da liberdade que lhes é inerente para se mostrarem como são ou como gostariam de ser, afinal, no decorrer de toda a contação foram se colocando nas histórias como importantes personagens de uma trama individual e paralela que ia sendo construída simultaneamente à contada, ora se distanciando, ora se imbricando.

Nesse ponto da contação, as crianças já se expõem de forma tão intensa e sem censura que é bonito ver tamanha desenvoltura e entrega diante de narrativas que só existem enquanto são ditas.
– Tia, você vem contar histórias amanhã outra vez?
Querer que voltemos é dizer que gostou.
– Amanhã, não! Mas um dia voltaremos!

Socorro Lacerda de Lacerda
São Francisco – SP

Nosso agradecimento especial ao Sr. Daniel Fornielis e a todos os professores/as e funcionários/as da EMEI São Francisco, pela recepção calorosa e respeitosa. Nos sentimos verdadeiramente acolhidos.

Diferentes formas de se imaginar o mesmo objeto

Uma surpresa agradabilíssima foi chegar à Escola Dirce de Almeida Braga Wrasek e encontrar árvores frondosas e belas sombreando tapetes, almofadas e crianças que pegavam livros diversos dependurados por barbantes nos galhos das árvores.

Agradável também foi a forma como fomos recebidos, muito carinho e atenção demonstrados desde a ajuda para levar os nossos materiais até a quadra da escola onde contaríamos as histórias, o almoço cuidadosamente preparado pelas senhoras: Solange, Simone e Nena, e copos d’água gelados e transbordantes para amenizar aquele calor de muitos graus.

Tivemos tempo de andar pelo belo jardim da escola e circular por entre seus vários espaços visivelmente bem cuidados. Chamou-nos a atenção uma árvore, até então desconhecida, para nós, de flor exuberante, vagens generosas e fruto que nos fez querer saber se era comestível. Que árvore seria aquela? Embora tenhamos perguntado para várias pessoas só conseguimos saber seu nome quase na hora de nossa saída da escola: – Essa árvore é a “cacau falso” e algumas pessoas comem. Respondeu-nos um solícito senhor que nos deu a informação com uma satisfação impressionante nos mostrando o fruto para justificar o nome da árvore.

Na quadra alunos e alunas se organizaram em um semicírculo e fiquei muito a vontade para começar nossa contação de histórias. Algumas delas, contei usando objetos, outras imagens, recortes, personagens confeccionados em papel, tecido ou brinquedos feitos a partir de material reciclado. Ao terminar a contação, um aluno se aproximou e falou que quando eu usei o guarda-chuva para contar a história “O menino que colecionava guarda-chuvas” ele, pensou que eu fosse falar que o objeto podia se transformar em um barco ou no telhado de uma cabana. Apesar de várias outras possibilidades de transformação terem sido apresentadas pelo próprio autor da história, a criança não se limitou as opções dadas. Enquanto a história era sendo contada ele foi reelaborando novas possibilidades, buscando outras formas de, como Felipe, personagem da história, brincar com o guarda-chuvas de forma criativa e inimaginável para aqueles que não tem criatividade ou que não ousam extrapolar a realidade para brincar com a fantasia, o imaterial, o fantástico ou o que aparentemente não é possível vir a tona através de expressões corriqueiras.

Contar histórias, tem nos proporcionado, descobertas de gente, de lugares e de coisas que nos faz sentir privilegiados por podermos viver momentos tão ricos. Estamos aprendendo enquanto caminhamos, enquanto ouvimos, enquanto desejamos ser ouvidos. O que nos impulsiona é o olho inquieto da criança que se aproxima de nós para pegar em um objeto que acabamos de mostrar, de expor, de usar. Ao passar para suas mãos esse mesmo objeto vai magicamente se transformado naquilo que a criança quiser e por quanto tempo ela quiser. Às vezes apenas o tempo suficiente para transformar a fita que decora o pau de chuva em um cabo de aço inquebrantável. Essa é a magia da contação de histórias.

Ainda ouvimos as histórias dos alunos Davi e Felipe, que respectivamente contaram as histórias dos Três Porquinhos e outra autoral, em que um menino que sai de casa para comprar pão se perde na floresta Amazônica e tenta, de várias maneiras, voltar para casa. Enquanto contava a história, Felipe repetia constantemente que naquele tempo não existia telefone celular, segundo ele, se existisse era só ligar para casa e avisar pedindo ajuda. Mesmo sem celular, o menino conseguiu “se salvar” construindo objetos que não necessitam de nenhum equipamento eletrônico para serem construídos. Felipe conseguiu transitar entre o mundo real, no qual ele vive e onde o telefone celular é praticamente a extensão do corpo das pessoas, e, o mundo imaginário, onde a natureza é fascinante e dominante tanto oferecendo o perigo quanto as possibilidades para se livrar dele. A beleza dessa viagem entre o real e o imaginário é que Felipe reconhecia que se ele tivesse em mãos o telefone celular, tudo poderia ser resolvido facilmente, a grandiosidade de sua narrativa está justamente por ele saber da existência do telefone celular e não lançar mão dele para resolver o problema do personagem. Seu esforço para buscar outra solução nos revela sua maturidade criativa ao reconhecer que as histórias não precisam serem simplificadas apenas pelo fato de se conhecer no tempo de agora, elementos facilitadores para a resolução de conflitos de outros tempos.

Socorro Lacerda de Lacerda e Lucio Lacerda

Nossos sinceros agradecimentos à Secretária de Educação do Município de Aparecida D’Oeste, Fernanda Carvalho de Menezes, à diretora da Escola Dirce de Almeida Braga Wrasek, Amanda V. Felício Tominaga, a coordenadora, Marta Eliana G de Sanches e ao corpo docente e funcionários: Valdirene, Aracélia, Kerusca, Alma, Felipe, Regiane, Maria Aparecida, Érica, Carlos, Simone, Elton, patrícia, Cirlene, Gilza, Carla, Adriane e Zeiza.

Preparativos para mais uma etapa

Estamos organizando nossa 3ª etapa do projeto “Conte lá que eu conto cá”. A preparação para uma etapa acontece sempre com antecedência para que possamos organizar tudo o que envolve uma contação de histórias nos moldes do que nos propomos: escolha da região do Brasil para onde pretendemos ir, pesquisa sobre as menores cidades dessa região e que tenham escolas rurais, envio de e-mail ou telefonemas, montagem de cronograma, escolha e preparação das histórias que serão contadas, campanha de doação de livros que serão levados para os estudantes e formadores, confecção de sacolas, em tecido, para levarmos os kits de livros, checagem de som, revisão do carro, escolha do figurino.

Como se vê, há todo um processo antes de pegarmos a estrada. Há toda uma disposição nossa para que as histórias contadas sejam momentos de alegria, compartilhamento de saberes, diversão e divulgação da importância da leitura e do contar histórias como momentos da construção de nossa identidade e afloramento de nossas memórias afetivas.

Apesar de tudo isso, estamos enfrentando dificuldades em relação ao agendamento das cidades e, consequentemente, das escolas rurais, para onde pretendemos ir, principalmente pela falta de resposta aos e-mails, enviados por nós, para as secretarias de educação das cidades escolhidas. Outra dificuldade enfrentada é por estar cada vez mais reduzido o número de escolas rurais nos municípios.

Para minimizar esses problemas, fizemos algumas adaptações em nosso projeto. Quando a cidade não tem escolas rurais, mas tem uma pequena população (de até 5.000 habitantes), fazemos a contação de histórias nas escolas urbanas e, além dos emails enviados, também fazemos contatos com as secretarias de educação ou diretamente com as escolas através de telefonemas. Essas mudanças têm nos ajudado a tomarmos decisões mais assertivas e termos respostas da aceitação ou não do nosso projeto com maior rapidez e eficiência.

Nossa 3ª etapa será no Sudoeste do Estado de São Paulo e já temos confirmadas contações de histórias em várias cidades. O cronograma já está sendo divulgado e nossa mala de contação está ficando recheada de ideias.

Um abraço em todo/as!

Socorro Lacerda e Lucio Lacerda

Bandeira do Sul – MG: Uma Cidade Sonora

Uma praça em uma minúscula cidade entre montanhas, uma igrejinha singela à frente, belas árvores em seu entorno e pássaros cantando generosamente o tempo inteiro. Esse bem que poderia ser o cenário de alguma das histórias que eu conto, ou de outras que já li, entretanto, esse é o lugar onde estendi minha colcha de retalhos e recebi crianças e adultos para ouvir o que eu havia preparado para lhes contar.

Naquele cenário, em vários momentos me senti dentro das histórias. A sonoridade harmoniosa dos pássaros incansáveis serviu de trilha sonora para o “Ping” e suas sementes plantadas e sonhadas com belas flores que lhes garantiriam ser o herdeiro do imperador. À sombra das árvores fomos “Felipe”, o menino que amava a avó que lhe ensinou o que é saudade. Com as cores e tons presentes naquela pracinha tão especial, aprendemos que o amor pode ser de qualquer cor e de todas as cores e, finalmente com as crianças sentadas à sombra daquele jatobá, seus sorrisos e expressões diversos de contentamento, encantamento ou espanto me davam a sensação de que tudo o que eu desejava naquele momento era que o tempo passasse bem lentamente para que eu pudesse me impregnar de cada sentimento ali experimentado.

Eu, no centro da roda, tentava rodopiar, imitar animais e seus sons, me envolver em véus coloridos e em colchas de retalhos, badalar um velho chocalho e fazer do atrito entre centenas de tampinhas de garrafas coloridas o som de uma chuva que só cabia na história que eu estava contando. Entre a “ilha dos sentimentos” e a bela floresta onde vivia o curioso elefantinho cinza, transitávamos com toda a desenvoltura de que precisávamos para ir de um lugar a outro tão rápido quanto o barco da alegria.

Diante de mim e junto a todas as pessoas que me ouviam, estava Maria Clara com sua meiguice, alegria e um enorme desejo de trazer toda aquela fantasia para o mundo real. A cada história que eu contava Maria Clara encontrava uma forma de participar: repetindo falas, respondendo a pergunta de algum personagem, questionando as atitudes de outros, arregalando os olhos quando algum objeto ou movimento lhe pegava de surpresa, negando ajuda a personagens incompreendidos, se inquietando no colchonete onde estava sentada para mostrar que tudo o que ela estava fazendo era a forma mais genuína de uma participação efetiva naquilo que a havia envolvido enquanto cenário e lugar imaginário.

Maria Clara representa todas as crianças que, felizmente, não questionam a diferença entre o real e o imaginário, se importando apenas com o momento em que vivem. Sem medo, sem vergonha, sem censura e, principalmente, sem o rigor do adulto que sente a necessidade de nomear ou racionalizar cada sentimento, cada momento. E eu, feliz por encontrar essa menina, segurei em sua mão e peguei carona como se tudo aquilo nos pertencesse, como se tivéssemos entrado no mundo do faz de conta simplesmente para seguirmos encantadas até chegarmos a uma praça minúscula de uma cidade entre montanhas, com uma igrejinha singela à frente, belas árvores em seu entorno e pássaros cantando generosamente o tempo inteiro.

Obrigada à Bandeira do Sul – MG e a todas as crianças que rodearam minha colcha de retalhos e ouviram generosamente as histórias sem saber que a história mais bonita era eu quem estava vendo e ouvindo.

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Socorro Lacerda e Lucio Lacerda

Borda da Mata, uma agradável surpresa

A cidade de Borda da Mata é pequena, acolhedora e muito bonita. Sua praça principal, localizada em frente à Basílica de Nossa Senhora do Carmo é um convite irrecusável para um passeio no fim da tarde, quando a maioria das casas comerciais vai fechando e as pessoas, sem pressa, vão buscando outros afazeres.

Borda da Mata atravessou o caminho do nosso projeto de contação de histórias “Conte lá que eu conto cá”, a partir de um fenômeno que estamos enfrentando em todo o Brasil, que é a diminuição do número de escolas rurais.

Com um projeto pensado prioritariamente para a zona rural, nosso contato com as Secretarias de Educação de alguns municípios do Sul do estado de Minas Gerais, onde faríamos a segunda etapa do projeto, foi nos revelando o quanto as escolas rurais estão ficando cada vez mais raras. Conversando com aluno/as e professora/es, percebemos que duas questões fundamentais colaboram para isso. Primeiro, porque, economicamente, fica mais viável trazer o/as estudantes para escolas na cidade, ao invés de enviar um/a professor/a para a escola rural. Segundo, pela questão do êxodo, que faz com que a zona rural fique cada vez mais desabitada. Penso que, desde que todas as crianças e adolescentes tenham acesso à escola, resolve-se o problema da professora que precisa trabalhar com turmas multisseriadas, como vimos em escolas que visitamos em viagens anteriores.

A grande maioria dos municípios com os quais entramos em contato no Sul de Minas Gerais, oferecendo nossa visita e que não tinham escola rural, nos respondia lamentando muito por isso. Porém, o retorno do convite que fizemos à cidade de Borda da Mata, não veio apenas acompanhado de lamentação, veio também com um insistente convite para contarmos histórias nas escolas urbanas. Isso nos fez repensar a importância de irmos onde as crianças estão e onde somos bem-vindos.

No primeiro dia de nossa visita à Borda da Mata (22/11/2018), fomos à Escola do Bairro Santa Cruz. Uma escola pequena e acolhedora que nos recebeu com bastante carinho e entusiasmo. Por ser final de ano letivo, aluno/as e professore/as estavam muito atarefados: avaliações, trabalhos finais, organização de material etc. Entretanto, nenhum desses afazeres foi motivo para desânimo ou reclamação de falta de tempo. A escola parou tudo o que estava fazendo e todos os que estavam trabalhando ou estudando foram ao pátio ouvir nossas histórias.

A escola conta com um pátio e, localizado em um dos cantos, fica um pequeno palco onde organizamos nossos materiais e fizemos o nosso trabalho. Com atenção, respeito e curiosidade, alunos e alunas ouviram, participaram e depois brincaram com os objetos que havíamos usado para contar as histórias. Como se todo esse entusiasmo e contentamento não bastassem, ainda conhecemos um aluno, Otávio, um verdadeiro contador de histórias que nos presenteou contando uma de sua autoria. Um presente lindo que nos fez vibrar com esse encontro e nos animar para os próximos.

Na tarde do mesmo dia, fomos à mais uma: Escola Nossa Senhora de Fátima. Aqui os/as estudantes são da pré-escola e maternal, bem menores que os da escola anterior. Outro jeito de ouvir e falar, encantamento nos olhos e inquietação pelo desejo de compartilhar com o colega ao lado aquilo que está ouvindo e observando. É como se não dessem conta sozinhos de tanta informação nova e admiração pelo que viam: roupas coloridas, panôs, chocalhos e pau de chuva iam despertando em cada um deles o desejo de falar e mostrar que estavam ali, atentos querendo ser muito mais do que simples ouvintes. Foi uma festa! Adoramos!

O dia seguinte (23/11/2018) foi desafiador em vários sentidos. Primeiro, por ser uma escola muito maior – Escola Professora Diva Ribeiro dos Santos, no bairro Santa Rita – e com alunos de uma faixa etária maior do que a que costumamos trabalhar. Segundo, por precisarmos fazer quatro sessões no mesmo dia para garantirmos que todos os/as alunos/as ouvissem nossas histórias. O projeto “Conte lá que eu Conto cá” tem trabalhado com grupos menores de alunos/as, em escolas pequenas, onde podemos estender nossa colcha de retalhos, sentarmos no chão e próximo ao público ir fazendo do momento de contação de histórias também momento de troca de experiências, expressões, afetos, descobertas e inquietudes provocadas pelos momentos ali vivenciados. Em Borda da Mata estávamos rompendo com tudo isso: escolas urbanas, faixa etária diferente, mais de uma contação na mesma escola etc.

Nossa chegada à escola já nos causou impacto pelo seu tamanho, é enorme. Alunos e alunas no pátio, conversas animadas, curiosidade por saber quem éramos e uma simpática recepção da coordenação, professoras, professores e funcionários da escola. A toda hora perguntavam se estávamos precisando de alguma coisa, se estava tudo bem, se os horários combinados seriam cumpridos. Fomos ficando à vontade e organizamos nossos materiais tranquilamente, como sempre fazemos e como aconteceu também nas escolas do dia anterior.

Pela manhã fizemos duas sessões de contação de histórias em um ambiente muito agradável, um pequeno teatro que deu para acomodar cerca de oitenta crianças por sessão. Fiquei pensando como seria importante que todas as escolas tivessem um espaço assim: cadeiras confortáveis, um palco elevado, espaço adequado entre as cadeiras, projetor multimídia e tela branca para projeção. Sem dúvida as apresentações de teatro, cinema, dramatizações, seminários etc, produzidas pelos/as alunos ou professores/as quando apresentados em um espaço adequado, valorizam o trabalho e todos os que nele se envolveram se sentem também mais valorizados, além de trabalhar a autoestima e cuidado com a forma como se colocam diante dos outros. Parabéns por pensarem nisso!

As turmas do período vespertino foram excelentes ouvintes, participaram das histórias, aplaudiram ou silenciaram quando assim se sentiram à vontade. E, para minha alegria, quando terminei de contar as histórias que havia planejado, pediram para eu contar mais! Pensei: Eles realmente estão gostando!

Com a turma do período matutino não foi menos empolgante. Houve uma grande empatia entre contadora e as pessoas que assistiam. As crianças ouviram atentas e as professoras até ajudaram a contar as histórias que já conheciam, incentivando os alunos e alunas a participarem também.

Quando perguntei se alguma criança queria contar uma história, veio um menino que pegou o microfone e começou a falar algo que visivelmente estava inventando naquele momento. Enquanto falava buscava os objetos que eu havia usado anteriormente e procurava encaixá-los em sua narrativa. Meio confuso, meio deslumbrado e ainda um pouco desconsertado com a novidade, o aluno não se intimidou diante do que fora proposto: contar uma história. Não era isso que ele estava fazendo?

Ao sairmos da escola, cheios de contentamento e alegria, encontramos um jovem senhor que estava jogando farelos de milho enquanto canários vinham comê-los com suas bicadas rápidas e precisas. Como sair rapidamente daquele lugar diante de uma cena dessas? Ficamos ali, olhando aquela pintura e torcendo para que cada vez mais canários aparecessem. Suas cores, seus cantos, sua agilidade em bicar, em voar, em se equilibrar em galhos que balançavam vigorosamente apenas com seu peso. Que maravilha!

Borda da Mata nos deixou encantados com tanta gente bacana, disposta, cordial, simpática, generosa e amiga. Desconfio que os “canários” foram encomendados para, de outra forma, nos fazer felizes.
Vocês conseguiram! Obrigada!

Socorro Lacerda de Lacerda
Lucio Lacerda

Conte Lá Que Eu Conto Cá
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