EMEIF Bairro São Pedro – Escola Quilombola – Eldorado/SP

A curiosidade das crianças tomou conta dos seus corpos como uma comichão, deixando-as muito inquietas. Logo saíram dos lugares onde estavam sentadas e foram, rastejando discretamente, até beirar a colcha de retalhos onde estavam dispostos alguns objetos que eu costumo usar nas contações de histórias.

A sensação que tive foi a de que tocar os objetos, explorar seus sons e espiar suas cores, era mais interessante do que ouvir a história que eu começara a contar. Essa impressão só se desfazia quando a voz de algum personagem se destacava da narrativa e saltava para o espaço composto por tantas novidades.

Não demorou muito para eu perceber que a inquietação que demonstravam era excesso de desejo de usufruir do novo, do que estava posto naquele canto de sala e se misturava ao que imaginavam ser cada um daqueles objetos. Queriam ouvir as histórias, mas também queriam soprar o apito, girar o pião, folhear os livros, olhar encantados o movimento do traca traca e a magia do surgimento das cores da dobradura de papel. Tudo ao mesmo tempo, como se não houvesse tempo suficiente para tanta coisa e para a exploração de cada um dos objetos e brinquedos que viam, alguns deles, pela primeira vez.

No final da contação, foi inevitável o início da exploração de um mundo com infinitas possibilidades. A criação e recriação do brinquedo e da brincadeira tornou-se indicativo para a invenção de novas e necessárias histórias, emolduradas por uma colcha de retalhos que não estava ali por acaso.

Socorro Lacerda de Lacerda

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