Bordando um vestido para contar histórias

A vida em pontos

 

Correntes em laçadas

hastes que interligam formas

nós que simulam olhares

o fim da linha exigindo pausa

 

Novas cores, arremates entre pontos

o pensamento indica a direção do desejo

o resultado não precisa ser predeterminado

 

Atrás, cheio, margarida

ziguezagueando paisagens

preenchendo a vida

caseando breves espaços

amarrando pontas soltas

para reencontrar o caminho

flutuando em um pano/tempo

aguardando pouso e repouso

para brotar memórias

 

O singrar da linha seguindo a agulha

oxigena o pensamento

alinhava o sonho, movimenta a mão

 

a aparente inércia do olhar

flutua na leveza da amplidão

para encontrar a cena inacabada

esperando pontos e pespontos

atos de um ensaio

para a imitação da vida.

 

Socorro Lacerda

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