A cidade de São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, traz dentro dos seus limites, múltiplas cidades que a todo momento surpreendem seus moradores e visitantes. Por ser tão grande e por seus habitantes terem vindo de vários lugares do mundo, culturalmente é uma cidade efervescente e multifacetada. O mundo habita aqui e isso é muito bom.
A periferia da zona sul de São Paulo, mais especificamente a região do Parque Santo Antônio (Diretoria Regional de Educação Campo Limpo), onde trabalhei por aproximadamente 25 anos, é um lugar muito particular. Sua população, maior que a de alguns países do mundo, é composta, em sua maioria por migrantes, principalmente das regiões norte e nordeste do Brasil. Esses moradores trouxeram consigo muitos dos costumes e das tradições culturais dos seus lugares de origem que se misturam com o que encontraram por aqui e formam outra coisa que não é nordestina, nem paulistana. É um jeito “novo” de viver e de se apresentar nesse mundo tão desigual e desumano. Aqui, a grande maioria dos moradores, são pessoas guerreiras que batalham cotidianamente para viverem com dignidade. Uma fala recorrente dos pais, mães e avós é a de que lutam para dar aos filhos o que eles não tiveram, principalmente educação.
Uma das escolas pertencentes a essa região é a EMEF M’Boi Mirim II, uma escola nova que ainda não foi nomeada e, por isso, leva o nome da principal avenida da região. É uma escola grande, com aproximadamente setecentos alunos e funciona em dois períodos.
Minha ida à escola se deu a partir de um convite da Coordenadora Pedagógica, Cleide Millare. Como sua amiga e contadora de histórias, ela pensou ser o momento propício para uma das atividades de encerramento de um projeto bem sucedido de leitura e escrita que foi desenvolvido nessa escola.
O projeto Escrelendo o Mundo, segundo a professora Rosi, teve como objetivo desenvolver a fluência leitora e escritora nos alunos e alunas dos 3ºs aos 6ºs anos. Havia uma preocupação com a grande dificuldade que os alunos apresentavam para ler fluentemente e por isso, não conseguiam interpretar e compreender o que liam. Além disso, os textos produzidos eram muito pobres.
Ainda segundo a professora Rosi, o desenvolvimento do projeto foi pensado de modo que os estudantes não se restringissem em ficar apenas com os colegas dos anos respectivos de escolaridade, eles foram organizados por nível de desenvolvimento e eixos de aprendizagem: alfabetização/fluência leitora/compreensão leitora/produção textual.
Os grupos de alunos e alunas se reuniam, com professores e professoras, às quintas feiras durante o mês de junho e no decorrer de todo o segundo semestre. Cada um dos professores e professoras que ministravam aulas nos anos indicados, assumiam um dos eixos e desenvolviam sequências didáticas por etapa, em que foi possível trabalhar diversos gêneros textuais.
Foi justamente a contação de histórias que se caracterizou como uma das atividades para encerramento do projeto. Apresentações diversas em forma de música, poesia e dança acontecerão no próximo dia 22/11.
Diante de um projeto tão respeitoso e responsável, ir a EMEF M’Boi Mirim II significou, para mim e Lucio, a representação do significado da leitura como possibilidade de aprendizagem, descoberta e criatividade a partir de uma leitura que vai se esparramando pelo mundo e ganhando contornos de possibilidades para que encontrem, em suas próprias histórias de vida, momentos que os impulsionem para a luta por uma vida melhor, assim como desejam seus pais, mães e avós.
Por tudo isso, soltei a imaginação, deixei de lado a vergonha da exposição e me desdobrei em caras, bocas e expressões corporais que foram brotando naturalmente junto às falas que iam saindo de acordo com o que o personagem exigia. Acompanhada de barcos de sentimentos e chuva a partir de tampinhas plásticas, a sonoridade foi sendo emoldurada pelas falas, os risos e as músicas que vinham ao meu encontro ecoadas por estudantes atentos que ouviam as histórias. Não contei apenas as histórias que li, coloquei ali também as histórias que vivi e que ouvi ao longo dessa minha apaixonante vida, que me presenteia com momentos especiais ao lado de amigas generosas e comprometidas com o que fazem.
Além de tudo isso, os alunos e a escolar ainda doaram diversos livros que certamente encherão as sacolas que doaremos às escolas rurais na próxima etapa do nosso projeto “Conte lá que eu conto cá” em Minas Gerais.
Muito obrigada à toda equipe!
Socorro Lacerda de Lacerda
10 comentários On Escrelendo o Mundo
Lindo o trabalho de vocês! Admirada com a disposição para estarem nos lugares diversos a que se propõem e essa doação tão generosa do “estar presente” fazendo tantas pessoas presenciarem as mais variadas histórias.
Parabéns!
Gostaria de acompanhar sempre o trabalho de vocês!
Obrigada!!!
Obrigada pelo carinho, estamos felizes em poder desenvolver nosso projeto, na verdade estamos realizando um sonho. É bom saber que vc quer continuar nos seguindo.
Um abraço!
Lindo o trabalho de vocês! Admirada com a disposição para estarem nos lugares diversos a que se propõem e essa doação tão generosa do “estar presente” fazendo tantas pessoas presenciarem as mais variadas histórias.
Parabéns!
Gostaria de acompanhar sempre o trabalho de vocês!
Obrigada!!!
Parabéns, família Lacerda, pela a iniciativa! É um projeto admirável, pois, não é só feito nas Escolas da Capital de São Paulo e, mas principalmente, nas Escolas das regiões da Zona Rural de todo o Brasil! Vocês têm, o meu respeito e admiração! Muito obrigada, por proporcionar seu projeto em nossa Escola, e no “meu” Estado de Minas Gerais! Pois, vim da Zona Rural de Minas Gerais e, sei o quanto isso é importante, aos educandos que, vivem na Zona Rural… Muito mais sucesso para vocês!
Obrigada pelo carinho, Devanir. Continue nos seguindo e nos encorajando.
Um abraço!
Que honra pra nós receber vc na escola! Pena q eu não pude estar presente. Meu aluno Felipe me falou que uma amiga minha do Zacaria tinha ido à escola contar histórias e que gostou muito. Achei o máximo! Você sempre nos corações!
Parabéns querida!
Vilma, minha querida!
Foi uma visita carregada de emoção e carinho. Fui muito bem recebida. Senti sua falta.
Um grande abraço!
Minha irmã querida fico muito feliz por te ver envolvida e com grande sucesso em tão belo projeto. Te desejo toda felicidade do mundo pra você é Lucio, grande escudeiro . Beijos te amo.
Oi minha irmã querida!
Sempre me apoiando e me incentivando a continuar.
Te amo!
Obrigada pelo comentário e visita.
Um abraço!