Braços e abraços!

Depois de fazermos uma das muitas curvas da estrada que liga Lagoinha a São Luís do Paraitinga, ambas as cidades no estado de São Paulo, uma porteira aberta parecia nos esperar. Embora não tivesse nenhuma identificação, entramos certos de que chegávamos à Escola Joaquim Ribeiro de Almeida. Confirmamos nossa chegada quando, ainda sem pararmos o carro, vimos um gramado cuidadosamente tratado, onde funcionava o parquinho. Aquele momento e todos os outros em que ficamos na escola foram de muitas descobertas e surpresas. A recepção foi calorosa.

Organizamos nossos materiais para a contação de histórias em um espaço amplo, com um pequeno palco e paredes

 

decoradas com coloridos painéis. Era um dia frio, para o conforto das crianças as professoras colocaram co

 

lchonetes no chão, para que não se sentassem diretamente no piso frio.

Me senti à vontade. Que maravilha contar histórias para crianças tão generosas ao ouvir e ao participar da atividade! Cada elemento apresentado, cada instrumento tocado era recebido ou percebido com alegria e emoção, tudo parecia novo para as pessoas que assistiam e descobriam novas possibilidades de contar histórias e de manusear objetos ou brinquedos, alguns deles desconhecidos naquela região.

A beleza do encontro se traduziu após a história Um abraço perfeito, de Joanna Walsh e Judi Abbot. O próprio livro já causou admiração e curiosidade. Usando as ilustrações de Judi Abbot, ampliei-as e compus um exemplar do livro em pop-up, num tamanho bem maior que o livro original.

O personagem, um urso panda, anda por terras e mares em busca de um abraço que seja perfeito. Essa busca o leva a conhecer muitos tipos de abraços, até perceber que, para um abraço perfeito, são necessários apenas dois: “se você me abraça, eu abraço você”. Falei esse final como os convidando a nos abraçar, a abraçar quem estava ao seu lado. Não deu outra! Eles compreenderam e ficaram muito à vontade para braços e abraços que começaram a se encontrar e se “enroscar”, abraços acompanhados de sorrisos e falas de agradecimento e delicadeza. Abraços como expressão de alegria e encontro, como oportunidade de troca de energia e descobertas. Abraços que me fizeram sentir conforto e bem-estar, segurança e felicidade.

Desejei que todas as pessoas que estivessem se abraçando, assim como eu, sentissem o que eu estava sentindo: a alegria imensa dos necessários encontros que nos faz sentir bem ao fazer o que acreditamos. Em nosso caso, fazer da educação um lugar de trocas potentes, de encontros com quem sabe o valor real e simbólico de olhos marejados de emoção em espaços educativos.

Somos só gratidão e desejos de novos encontros e abraços.

***

Me dediquei a fotografar o entorno da escola, um local muito bonito, com infinitas árvores frutíferas. Aparentemente, árvores comuns, mas não para o olhar de quem vive numa selva de pedra como São Paulo. Gente, eu sou apenas um coadjuvante em toda essa história, pois a minha participação é muito pequena. A Coquita é quem comanda tudo depois que se veste de contadora de histórias. Fotografo também as crianças durante as contações, com suas caras e bocas, e depois quando estão manuseando os brinquedos, alguns, tão desconhecidos por elas. É uma festa! Converso com as professoras e os professores sobre a escola e seus afazeres com os alunos e as alunas, todos falam com um carinho especial em relação aos alunos que são dedicados. Depois da contação, todos conversam conosco sobre nosso trabalho e nos agradecem de uma forma especial. Isso nos deixa muito felizes, pois é esse o objetivo do nosso projeto, tornar crianças e adultos felizes.

Agradecemos de forma carinhosa e especial a Diretora Renata, as professoras Darlise, Luciene, Naiane, Patrícia e ao Professor Leandro.

Até Breve!

 

Socorro Lacerda de Lacerda e Lucio Lacerda

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